O não é opaco, nunca transparente,
Crê na força libertadora do não
E basta.
Silêncio no dizer sim
quando sim era a resposta,
enrolar-se no chão desnudo
ao contrário do vôo límpido da poesia....
Há poesia no suor, no gosto, na saliva....
Cenas perfeitas
Completas na existência do que estava entre...
Fragmentos que eram inteiros
De algo que foi completo
Rabiscos do roteiro, desenho imperfeito...
Existem lembranças do futuro
Sintonia
Simetria
Sincronicidade
Espero aquilo que não precisou vir
Porque sempre esteve aqui
A resposta, antes da pergunta
O que era, foi e será
Antes de existir
Apesar dos entretantos
Sim
O concreto que dispensou forma
Porque era, na sua incompletude, a própria perfeição
Materializado no que era suspiro
Imortalizado no não
Que era apenas uma vírgula.
Obrigado por você ter vindo
Mesmo que não tenha chegado a bater na porta
Porque, naquele tempo, ainda era hiato
Obrigado por ter estado presente
Na letra
Na palavra
Na frase
Era o que sempre bastava
Era o que sempre esperava
Era o que sempre estava
Quem precisa de resposta se o hiato já é, em si, dúvida e clareza ?
Só quem não disse sim
Quando nada mais podia servir de resposta
Só quem esperou a pergunta
Quando ela já tinha sido apresentada há muito tempo...
Eu olho e Imagino.
A dúvida do que é real
Está no medo da impossibilidade
Na certeza da imprevisibilidade
No descompasso da inevitabilidade
Dê a alguém certezas
E ele poderá ter medo do caminho que ali lhe atropela
Dê-lhe dúvidas. Sempre.
A resposta é sempre o caminho
Nem sempre o destino
Nem sempre o onde
Mas sempre o durante porque esse sim é o concreto, é o que existe
O Entre.
Partes perfeitas
Mesmo que pareçam inacabadas
Partes inteiras
Ainda que pareçam pela metade
Simples na complexidade
No andar descalço...
Do achar que o meio-fio pode ser trono...
Pode...
Pode até ser oráculo...
Quem veria humanidade onde vêem dureza ?
Sem respostas
Ainda rio do riso sem motivo...
do sorriso que ainda virá....
Rio do instante seguinte...
Sorrio do que sempre esteve do lado
Mesmo tão longe quanto um adeus
Mesmo tão perto quando um sopro no ouvido
Obrigado por você ter vindo
Mesmo que não tenha ainda chegado...”
RÉQUIEM - trecho
Há 15 anos
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